“BENDITAS SEJAM AS HISTÓRIAS”

Hoje cruzei-me com este poema... e numa semana em que já o Pe Alberto Brito nos chamava a atenção sobre diálogos de esperança, fez-me sentido a sua leitura, primeira e segunda, a terceira também, para saborear a benção dos recomeços, e ainda uma quarta para brindar a todas as vidas que por estas alturas recomeçam, porque todas estas se baseiam em histórias verdadeiras.

BENDITAS SEJAM AS HISTÓRIAS

Benditas sejam as histórias do princípio de tudo
porque são limpas e são puras como mel
e como a água que a palavra perfeita converte
em leite ou em espuma na boca atónica dos crentes.
Benditas sejam, para sempre, as histórias
que me fizeram acreditar na bondade dos homens
antes que a vida me tivesse conduzido
ao mais absoluto desengano.
Eu já tive a idade das histórias quer ouvia contar,
das que viviam fora dos livros,
das que corporizavam no ar os duendes e as fadas,
das que me faziam acreditar que podia ser eterno
como os príncipes entronizados no cume das lendas,
belos como cascatas refrescando a erva.
Benditas sejam, para sempre, as histórias,
mesmo as que ninguém me chegou a contar,
mas que eu inventei com o fascinado engenho
de uma infância debruada a ouro nos esconderijos
da fala que silêncio algum ousou vencer.

jOSÉ JORGE LETRIA, in PRODUTO INTERNO LÍRICO

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